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Casa das Bocas

ENQUADRAMENTO

Pretende-se a reconstrução do edifício e a reconversão numa Unidade de Saúde Familiar (USF) de modo a abranger um universo de 18000 utentes, integrando esta empreitada o plano de ação estratégico de revitalização da zona histórica.

O edifício data do século XVII.

“O imóvel é uma construção antiga granítica datada do séc. XVII e indiciada como pertencente à Família Beltrão de Seabra. Apresenta uma fachada principal de dois andares, o inferior com lojas assentes em mísulas, portais decorados com volutas, remate em platibanda com balaustres e friso com oito gárgulas.

O imóvel localiza-se num local de elevado valor arqueológico, nos limites da cidade romana de Viseu, com a muralha a passar “ao longo da Rua das Bocas ou de João Mendes até ao actual Largo de Santa Cristina” e depois daqui a “muralha seguia para Poente; poderia acompanhar as Ruas do Carmo e de D. Duarte até ao Adro da Sé, ou seguir pela Rua Chão do Mestre até ao Largo da Misericórdia” e do “Adro da Sé, a muralha continuaria pela actual Rua da Calçada da Vigia até ao Largo Mouzinho de Albuquerque” (Alarcão, 1984:24).  

O imóvel encontrava-se parcialmente demolido, possuindo apenas as paredes de alvenaria de granito (interiores e exteriores), estando o coroamento das mesmas resguardadas com plásticos e chapas, minimizando a consequente deformação. O edifício apresenta três frentes, estando o alçado principal, voltado a poente, localizado na Rua João Mendes, anteriormente conhecida por Rua da Regueira. Maximiano de Aragão referia que “em 1446 havia na Rua da Rigueira uma albergaria, numa casa que para esse fim foi dada pelo Cabido”. 

 

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

O Projeto dá resposta ao programa funcionalapresentado pela Administração Regional de Saúde do Centro no âmbito do Protocolo levado a cabo pela ARS e Câmara Municipal de Viseu.

Da instalação das várias infraestruturas: mecânicas, elétricas, segurança contra incêndios, telecomunicações, extração e insuflação, resultaram os seguintes pés direitos úteis para as seguintes áreas funcionais:

Área de entrada – 2.40 m

Área administrativa – 2.40 m

Área de prestação de cuidados de saúde – 2.70m/2.75m

Área de apoios – 2.70 m

LOCAL DE INTERVENÇÃO – PRÉ-EXISTÊNCIAS

Implantação. Áreas de construção

Nos documentos prediais, o edifício apresentava as seguintes áreas:

Área de Implantação = 402 m2;

Área Bruta de Construção = 960 m2;

Área do Terreno = 200m2;

PROGRAMA FUNCIONAL

O programa funcional foi definido no âmbito das seguintes áreas funcionais:

a) Área de entrada

b) Área administrativa

c) Área de prestação de cuidados de saúde

d) Área de apoios

Face às necessidades apresentadas para o número de utentes identificado e atendendo à configuração existente do edifício, optou-se por separar as entradas dos funcionários, dos utentes e a entrada técnica (recolha de depósito de lixos e entrega de gases).

 

Piso 0

Atendendo à necessidade de iluminação natural em todos os compartimentos de consultórios médicos, salas de tratamento e enfermagem, optou-se por dispor a compartimentação da área de prestação de cuidados de saúde ao longo dos alçados com vãos. Dessa implantação resulta uma distribuição de salas com corredor central que albergará, ao nível dos tetos, as zonas técnicas com todas as infraestruturas do edifício. Apenas a partir do corredor central se terá acesso aos compartimentos de prestação de cuidados de saúde. Complementarmente e, de modo, a reforçar a iluminação e ventilações naturais, optou-se por integrar no centro do edifício, ao longo de todos os pisos, um pátio descoberto envidraçado e com uma das paredes vegetais a toda a altura. Todos os espaços de circulação permitem a rotação de uma cadeira de rodas, dando cumprimento à Lei Geral das Acessibilidades e à Regulamentação em vigor de Segurança contra o risco de incêndios.

As entradas no edifício serão separadas por tipo de utilizador:

a) a entrada/saída dos utentes far-se-á pelo vão mais largo da Casa das Bocas

b) a entrada/saída dos funcionários far-se-á pelo vão mais estreito da Casa das Bocas

c) a entrada/saída dos lixos e gases medicinais far-se-á pelo vão do logradouro.

Na entrada principal, os utentes são encaminhados pelo segurança para a sala de espera e atendimento administrativo. A partir da sala de espera, os utentes dispõem de instalações sanitárias públicas. O acesso aos andares superiores far-se-á a partir da sala de espera, por escadaria existente que se reabilitará, mantendo as características existentes. Complementarmente existirá uma plataforma elevatória que permitirá o acesso aos pisos superiores. A cabine da plataforma terá 2 acessos distintos, de modo a que, utentes e funcionários adotem circulações diferenciadas. A plataforma disporá de controlo de acessos. A entrada secundária, os funcionários dispõem de uma área mais reservada com instalações sanitárias e balneários.

A partir do interior, os lixos e despejos de sujos são colocadas em compartimentação própria sendo que circuitos de entrada e saída são distintos e não se cruzam.

O critério para a distribuição da compartimentação foi definido em conjunto com a ARSCentro.

De modo a que os utentes em consulta e tratamentos possam proceder a recolhas, existem instalações sanitárias públicas destinadas exclusivamente a esse fim.

 

Piso 1

A distribuição do piso 1 é idêntica à do piso 0.

As áreas administrativas, salas de espera e instalações sanitárias repetem-se por todos os pisos.

 

Piso 2

A distribuição do piso 2 é idêntica à do piso 1.

As áreas administrativas, salas de espera e instalações sanitárias repetem-se por todos os pisos.

Neste piso localizam-se as áreas exclusivamente reservadas a funcionários: sala de reuniões, sala de internos, gabinete do Coordenador da USF e cafetaria.

 

Coberturas

Ao nível das coberturas, optou-se por manter o volume central com a cobertura de duas águas.

A cobertura inclinada será revestida com telha de barro vermelho.

As mansardas serão em cobertura plana do tipo invertida.

 

Estrutura

A estrutura será metálica do tipo coloborante.

 

Cércea da envolvente

Os edifícios da envolvente têm como cércea dominante (r/c + 2) ou (r/c + 2 + recuado).

O imóvel em questão apresenta uma cércea de 3 pisos + recuado).

A reconstrução prevê um aumento de cércea, em cerca de 1.10m na cota da cumeeira.

 

Arranjos exteriores

Para os arranjos exteriores, no logradouro superior, e atendendo ao impacto visual da empena (4 pisos) lateral cega do edifício contíguo (anos 80), optou-se pela plantação de espécies arbóreas de modo a reduzir o impacto visual da referida volumetria vizinha.

No logradouro inferior, uma vez que a exposição do mesmo é voltada a Nascente optou-se pela plantação de espécies rastejantes e trepadeiras, de forma a não constituir barreira à entrada de luz solar nos consultórios médicos e salas de enfermagem.

 

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